V de Vingança
“Coincidência não existe, só a ilusão dela”.
V de Vingança, o quadrinho de Alan Moore foi escrito em 1981. Já o filme teve suas filmagens finalizadas em outubro de 2004. Mas seu roteiro já estava sendo preparado desde 1998. Essas informações são importantes, porque o filme é atualíssimo com a onda de terrorismo espalhada no mundo, que muitas pessoas acharão que a película foi produzida depois dos atentados ao WTC (2001) e a estação de trem em Londres (2005).
V (Hugo Weaving), seguidor de Guy Fawkes - conspirador que tentou explodir o parlamento britânico no dia 5 de novembro de 1605 e foi preso e enforcado - ficou desfigurado num acidente com envolvimento do governo, V passa a usar vestimenta negra e máscara com o rosto de Fawkes. Ao salvar a jovem Evey (Natalie Portman) de um estupro dos Homens-Dedos (policiais responsáveis por manter a ordem e o toque de recolher), ele decide recrutá-la para seu plano de explodir o parlamento no dia 5 de novembro.
As músicas do filme são um capítulo à parte, infelizmente o cd da trilha do filme não traz as melhores músicas da película, "Garota de Ipanema" e "Corcovado" de Tom Jobim, "Street Fighting Man" dos Rolling Stones e "Abertura 1812", de Tchaikovsky, só restando “Cry me a river” interpretada por Julie London.
“as mudanças nos governos, sempre foram para piores”.
O filme bate em Bush do inicio ao fim, desde a cultura do medo, até as perseguições de quem vai contra o governo, tá tudo lá. Mas o filme é muito mais do que isso. A frase da personagem de Natalie resume um pouco a idéia central do filme. A discussão é muito mais polêmica. É verdade que quem fez o “justiceiro” V foi o próprio sistema, mas quem fez o sistema? A discussão, em época de eleição, é muito bem vinda.
“Por trás da máscara tem mais que carne. Por trás da máscara tem idéias. E idéias são a prova de bala”.
Comentários
Gostei muito do roteiro desse filme, que levanta questões interessantes e pertinentes. A única coisa com a qual eu não concordo é a seguinte: mesmo sabendo que Evey e V são vítimas desse sistema, ninguém pode achar que a saída para combater governos intransigentes é a elaboração de atos terroristas, mesmo que eles sirvam para um propósito "bom" e para trazer a justiça de volta.
O filme mostra outras saídas bem mais interessantes e todas elas envolvendo o objeto maior de todo governo: o povo. Afinal, "o povo não deve temer o governo. O governo é que tem que temer o povo". Somos nós que temos o poder de fazer as transformações necessárias para a evolução da sociedade.