Mais Estranho que a Ficção
Stranger than Fiction – Marc Forster – 2006 (Cinemas)
“Bom, parece que é uma comédia”.
Vida dura essa de roteirista em Hollywood. Se o roteiro é ruim o comentário é geral, se é bom, logo vem às comparações por não ser original. Quando é original, é logo comparado a Charlie Kaufman, autor de Quero ser John Malkovich (1999), Adaptação (2002) e Brilho eterno de uma Mente sem lembranças (2004). Zach Helm é o nome da vez, ele criou uma história para lá de original e diálogos de uma inteligência rara em tempos atuais. Zach se prepara para lançar seu primeiro filme Mr. Magorium's Wonder Emporium (2007), com Natalie Portman e Dustin Hoffman.
“Essa é a história de Harold Crick e seu relógio”.
O fiscal da receita federal Harold Crick (o excelente Will Ferrel) é um sujeito de regras. Seus rituais diários seguem com um rigor catedrático. Seu relógio é o guia da sua vida. Um dia aos escovar os dentes (35 para cima, 35 para o lado), ele começa a ouvir a voz da escritora inglesa Kay Eiffel (Emma Thompson) que narra com precisão a sua vida. Buscando ajuda para calar a voz que o persegue, Harold vai ao encontro do Prof. Hilbert (Dustin Hoffman) um especialista em literatura.
O problema é que Kay está com bloqueio. E a sua editora escala Penny (Queen Latifah) para ajuda-la. A coisa se complica ainda mais quando Kay resolve matar Harold, que fica desesperado com a notícia, e ainda resolve criar um romance com a bela Ana Pascal (a ótima Maggie Gyllenhaal) – irmã de Jake de O Segredo de Brokeback Mountain (2005).
“Bom, parece que é uma comédia”.
Vida dura essa de roteirista em Hollywood. Se o roteiro é ruim o comentário é geral, se é bom, logo vem às comparações por não ser original. Quando é original, é logo comparado a Charlie Kaufman, autor de Quero ser John Malkovich (1999), Adaptação (2002) e Brilho eterno de uma Mente sem lembranças (2004). Zach Helm é o nome da vez, ele criou uma história para lá de original e diálogos de uma inteligência rara em tempos atuais. Zach se prepara para lançar seu primeiro filme Mr. Magorium's Wonder Emporium (2007), com Natalie Portman e Dustin Hoffman.
“Essa é a história de Harold Crick e seu relógio”.
O fiscal da receita federal Harold Crick (o excelente Will Ferrel) é um sujeito de regras. Seus rituais diários seguem com um rigor catedrático. Seu relógio é o guia da sua vida. Um dia aos escovar os dentes (35 para cima, 35 para o lado), ele começa a ouvir a voz da escritora inglesa Kay Eiffel (Emma Thompson) que narra com precisão a sua vida. Buscando ajuda para calar a voz que o persegue, Harold vai ao encontro do Prof. Hilbert (Dustin Hoffman) um especialista em literatura.
O problema é que Kay está com bloqueio. E a sua editora escala Penny (Queen Latifah) para ajuda-la. A coisa se complica ainda mais quando Kay resolve matar Harold, que fica desesperado com a notícia, e ainda resolve criar um romance com a bela Ana Pascal (a ótima Maggie Gyllenhaal) – irmã de Jake de O Segredo de Brokeback Mountain (2005).
É de longe o longa metragem mais criativo do ano. Apesar do final, que muitos vão gostar e outros não. Eu não gostei. É um filme obrigatório. Sua ausência das premiações só aumentam a teoria de que nem sempre são premiadas as melhores produções.
Comentários
eu achei bastante interessante e vai mesmo pelo caminho tresloucado das histórias de Kaufman.. E cara, assino embaixo de cada palavra da última frase do texto: "Sua ausência das premiações só aumentam a teoria de que nem sempre são premiadas as melhores produções." Perfeito!
abs!
Mas, Cassiano... vc não gostou de MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO? Ou vc está falando do final?
Mas seria injusto comparar Zach Helm a Charlie Kaufman... ainda.
E esses roteiristas geniais logo aproveitam para pular pra direção em um próximo projeto.
Abs!
Quanto a Mais Estranho que a Ficção eu adorei o filme, mas o final ficou a desejar, como vc já viu o filme posso comentar, quem ainda não viu e tá lendo isso aqui, melhor parar...
bom, eu achava q a personagem deveria morrer no final, e claro o final deveria ser surpreendente como Dustin Hoffman comentou. Fiquei curioso para saber o q estava escrito e agora sei q nada fora escrito. Não sei sua opinião, mas prefiria a morte da personagem em nome da "arte". Mas teve gente no cinema q gostou do final.
Tb acho cedo para comparar, alias, nem comparo. Acho a técnica dos dois distintas.
Concordo contigo no último comentário, se foi uma crítica claro.
Para mim tudo é arte e tudo é comercial. Cinema é arte! Cinema tb tem que ser comercial. Ou então, morre. E para mim, tudo é gosto pessoal. Sem verdades absolutas. E é mais fácil o PT Anderson estar certo do que eu... Por isso, vou contra a arrogância de cineastas que tentam explicar sua arte. Como fez o PT Anderson numa entrevista antes do Oscar de 2001, desrespeitando o favoritismo de BELEZA AMERICANA. Ou do Iñárritu explicando a "qualidade" em BABEL, no Festival do Rio...
E realmente não há prêmio maior do que "o respeito e o reconhecimento de toda uma geração de cinéfilos".
Abs!
Abs!
Abs!
O Paciente Inglês é maravilhoso Otávio, temos pensamento diferente.
Eu acho que cinema deveria ser de autor. Se vc reparar nos nomes que escolho para a sala vip todos eles tem em comum essa independencia em fazer filmes que lhes agradem, não para conquistar o público. Quanto ao Kubrick ele é gênio, e como vc comentou, vou adiantar que ele será o próximo nome a ganhar uma retrospectiva e ter seu nome na sala vip. Tá quase pronto.
Arte se explica tb. Claro que muita coisa é interpretação de quem o vê, mas a autoria, aquele toque que tá ali por causa daquela pessoa, isso é explicativo.
Mas por exemplo, o David Lynch, ele odeia ser questionado sobre o significado de suas obras. Isso vai de cada cineasta! Não diminuiria Lynch se ele gostasse de comentar.
O que pode se dizer de semelhante de ALtam e Anderson é que os dois usam a mesma técnica narrativa.
Pra mim, ambos são, just one word, gênios.
abs!
Mas Otávio, vou te perdoar por vc ter o cd...brincadeira...acho muito legal essa discordância, me lembra um filme que sou apaixonado e um diretor sensacional chamado Bertolucci, sinônimo de cinema, o filme é Os Sonhadores, obra-prima.
Se vc tivesse concordado não teriamos toda essa conversa e relembrado Altman...
Mas estou falando de narrativa mesmo. E adoro trabalho de autor. Altman foi autor pela linguagem. Anderson segue seus passos. Quem é o autor de verdade aqui?
Já meu problema em O PACIENTE INGLÊS é que parece desenhado para agradar a Academia. E não gosto do Anthony Minghella. Apesar de ser baseado no livro de origem, o filme me parece uma junção dos elementos e recursos de David Lean em obras-primas como LAWRENCE DA ARÁBIA e DOUTOR JIVAGO. Não há uma autoria ali... e ele não é o diretor de A PONTE DO RIO KWAI. Nem de longe... sempre tem que pegar algo emprestado de alguém... em linguagem mesmo... não na história. COLD MOUNTAIN sofre do mesmo mal, eu acho. Só que ali é tudo de A ODISSÉIA, de Homero. Não acho que ele simplesmente se inspirou... O que eu mais gosto dele é O TALENTOSO RIPLEY. Apesar de ser refilmagem de O SOL POR TESTEMUNHA. E... é verdade: tenho os CDs desses três filmes do Minghella. Ele acerta em usar a música de forma primorosa e sempre poética... Acho que sempre com o Gabriel Yared, certo?
E... não gosto que me expliquem a arte. Muito menos o seu autor. David Lynch é um exemplo a ser seguido nesse sentido. Odeio comentários em áudio do diretor em DVDs. Penso que o filme pertence ao seu diretor até a data de lançamento nos cinemas. Depois, o filme pertence somente ao público.
E te perdôo se vc me perdoar sobre o que escreverei ainda nesta semana no meu blog. Hahahahahah...
Aliás, posso colocar seu link por lá? Não coloquei ainda.
Abs!
Uma coisa que me incomoda muito é essa necessidade que os críticos têm de rotular algo, de encontrar uma definição ou de qualificar alguém. Isso acontece não só em relação ao cinema, mas também na música. “O novo Charlie Kaufman”. “O novo Chico Buarque”. “A nova Elis Regina”. “O novo Robert de Niro”.
Como jornalista, sei que a gente meio tem que fazer isso. Mas, repito que isso me incomoda muito. Prefiro tentar achar o que existe de identidade, de visão própria em cada trabalho. Nesse ponto, concordo com Cassiano: prefiro aqueles diretores que possuem uma marca própria.
Não vou entrar no mérito da discussão de vocês, até porque os argumentos utilizados foram muito bem colocados, mas só queria deixar minha observação em relação ao comentário do Otávio sobre a obra do Anthony Minghella. Assim como “O Paciente Inglês”, “Cold Mountain” é baseado em um livro. Seria até injusto dizer, então, que o Minghella copiou (sei que você não utilizou essa palavra, Otávio) “A Odisséia” até porque a estrutura do filme segue muito a adotada pelo escritor Charles Frazier. A adaptação de “Cold Mountain” é quase literal. Pouco foi modificado para o filme. E esse é o maior defeito de “Cold Mountain”: não ser uma obra independente do livro. Ele é uma simples tradução da obra para outra linguagem.
Pensamos diferente nisso. Prefiro então comentar sobre Os Sonhadores.
Quanto aos rotulos vou além, é coisa da sociedade mesmo.
Quando estreou O PACIENTE INGLÊS, por exemplo, eu tive minha primeira parada cardíaca ao ler em um jornal esse "elogio": "Minghella é o novo David Lean".
E Cassiano, prometo rever MAGNOLIA em breve. Vi só na estréia nos cinemas... Isso faz tempo, né?
Abs!
E, Otávio, mate minha curiosidade: como você pode gostar de “Crash” (uma cópia de “Magnólia”) e não gostar do filme do Paul Thomas Anderson?
Esse filme precisa ser revisto muitas e muitas vezes.
E Boogie Nights tb...
Abs! (e bjo para a Kamila)
Eu vou rever MAGNÓLIA! Prometo! Respondo depois, então, sobre essa sua comparação à CRASH, Kamila... Embora, eu não veja nehuma relação entre os dois necessariamente. Ao menos, por enquanto... Eu gosto do filme do Paul Haggis, mas acho que BROKEBACK MOUNTAIN merecia mais... Não mais do que BOA NOITE E BOA SORTE...
Bjs!
Já até imagino qual seria o comentário Túlio. Abs
magnólia: ótimo, roteiro, direção, atores, uma obra pessoal, vai além de classificaçnoes, etc. merece todo o meu respeito e admiração
crash: fraco, piegas, oportunista, apela para o mais fácil, feita para "chocar americanos", atender aquele gosto médio que a gente sabe bem qual é.
em se tratando de crash, sou mil vezes o "crash" do cronebemberg... ;)
mais estranho que a ficção: tem uma boa idéia inicial, mas não desenvolve bem, o roteiro é cheio de furos, e quando se pretende uma história de caráter "realista", que conta com a sua crença na plausividade/verosimilhança daqquele universo estabelecido), aí é que os buracos na história comprometem mais ainda.
a literatura ja lidou com essa questão da metalinguagem "personagem/criador" de forma muuito mais interessante e bem melhor resolvida.
e sobre o final, não interessa se o cara morre ou não, isso é o de menos, mas a justificativa que é dada para o desfecho é que deve fazer a diferença, e nesse caso o filme decepciona
eu destaco a Emma Thompsom, ótima interpretação
Discordo de vc sobre Mais Estranho que a Ficção, não vejo esses buracos que citou, para mim é uma excelente história, numa bela direção, mas não gostei do final, mas tem gente que gosta.
Tb prefiro o Crash do Cronenberg!