Drained

O Cheiro do Ralo – Heitor Dhalia – 2006 (Cinemas)

Mulher é tudo igual, se você bobear, os convites vão para gráfica.”

Quando me dei conta contemplava uma bunda enorme...E assim vemos o primeiro frame do filme de Heitor Dhalia, o diretor pernambucano de Nina (2004).

O Cheiro do Ralo é uma espécie de Pulp Fiction (1994) tupiniquim, ou então um Cães de Aluguel (1992) nacional, ou melhor, uma mistura dos dois. Do primeiro os diálogos, do segundo toda a estética simples e barata.

Produzido pela Geração Conteúdo, Primo Filmes, RT Features. Em associação com, Branca Filmes, Tristero Filmes e mais uma porção de gente, o filme é a realização do cineasta e do ator Selton Mello.

Lourenço é um comprador de objetos, ele tem a noção de que com o tempo naquela profissão ele se tornou um sujeito ruim, que não gosta de ninguém e não sente pena das pessoas que vai até ele se desfazer de peças com valor sentimental. Trata mal a todos e repele sua noiva esquizofrênica. Ele conhece na garçonete, cujo nome ele não consegue pronunciar, o “objeto” mais valioso de sua vida, a bunda dela. Lourenço é inteligente, ele sabe como seduzir as pessoas para ter o que quer, mas não consegue manter esse disfarce de sedutor durante muito tempo. E assim ele vai colecionando objetos e perdendo pessoas.

Lourenço é covarde, acha que seu dinheiro compra mais que objetos, dirige uma Veraneio, lê James Ellroy e tem um problema com o cheiro do ralo do banheirinho da sua loja. Ou, como um vendedor de um violino disse, o cheiro do ralo é dele.

O filme é baseado no livro do escritor e desenhista Lourenço Mutarelli, que é também o autor de Nina (2004), e foi adaptado pelo diretor Dhalia e o paulista Marçal Aquino. Veja nos quatros links a seguir as primeiras páginas do livro homônimo. Link 1, Link 2, Link 3, Link 4.

Obs. A personagem da Bunda é interpretada magnificamente pela estreante Paula Braun, o fato é saber se ela conquistou o papel pela qualidade física, bastante elogiável, ou pela qualidade profissional.

A vida é dura.”

Comentários

Kamila disse…
"O Cheiro do Ralo" é um filme muito bom e a iniciativa das pessoas por trás dele, que fazem cinema por quê amam, é totalmente louvável.

A gente precisa de gente assim!!!
Marcus Vinícius disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcus Vinícius disse…
Esse e 'Baixio das Bestas' são dois filmes nacionais que preciso ver com urgência. Só vi coisa boa sobre eles.
Anônimo disse…
Acho um lixo. Merda, e das fedidas.

Enquanto CÃES DE ALUGUEL e PULP FICTION esbanjam ritmo cinematográfico, esse O CHEIRO DO RALO é filme chato, que demora a acabar, e que quando você pensa que finalmente acabou, descobre que ainda não foi dessa vez, rs.

Se o cinema nacional caminhar pra esse lado ao invés de O CÉU DE SUELY, desculpem os patriotas, mas não teremos chance.

abs!
Museu do Cinema disse…
Kamila, sem duvida, o amor ao cinema é essencial para nossa industria, mas não o amor para aparecer ou ir pro Oscar (uma obsessão), mas o amor realmente em fazer algo legal, não é a toa que é o filme cult do ano.

Marcus, ainda em extase azul, branco e preto, tb quero ver Baixio.

Túlio, mas uma vez sua emoção fala mais alto. Eu acho que se seguirmos os passos de O Cheiro do Ralo, iremos fazer cinema, enquanto que se formos pro lado do Céu de Suely, iremos fazer cinema...norte-americano, pro Oscar. Temos que fazer o nosso cinema, como o italiano faz brilhantemente, e o frânces sempre fez, se formos copiar, é melhor ver filme deles, que são impecaveis.
Anônimo disse…
Esse filme poderia ter ficado melhor se tivesse sido lapidado e tirado alguns excessos cômicos.
Anônimo disse…
hehehehe

desculpa, mas não concordo, Cassiano. Enquanto O CHEIRO DO RALO tenta se estabelecer como produção cult dos padrões hollywoodianos, O CÉU DE SUELY segue uma quase-escola cinematográfica legitimamente tupiniquim que, no nordeste brasileiro, já entregou peças valiosas como CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS.

abs!
Marcus Vinícius disse…
Dálhe Imortal.
Saudações tricolores!!!
Carla Martins disse…
Preciso ver esse filme!!! Deve ser ótimo!!

Beijos
Museu do Cinema disse…
Bakemon, para mim o filme não teria retoques.

Túlio, eu acho que mesmo um filme contendo uma temática extremamente nacional, cultural, ele pode ser, e nesses casos são, filmes com estética norte-americana. É o caso dos três filmes que vc citou, mas no caso de O Cheiro do Ralo, a estética foge um pouco dos padrões do Oscar, é por isso que acho que esse deva ser nosso caminho, pois iremos encontrar nosso padrão explorando isso, nossa personalidade cinematográfica.
Túlio Moreira disse…
Acho que começo a concordar com você, Cassiano. Mas a minha opinião continua negativa. Analisando bem, O CHEIRO DO RALO se distância da "estética Oscar" mas se aproxima perigosamente da "estética Globo TV/Filmes", o que, pra mim, é ainda pior.

abs!
Kamila disse…
Túlio, concordo com o Cassiano. Para que a indústria cinematográfica brasileira encontre sua identidade, é preciso que a gente faça experiências. "O Cheiro do Ralo" é uma destas tentativas. Um filme independente e único.
Museu do Cinema disse…
Exatamente Kamila, mas estética Globo TV/Filmes é demais né Túlio, nada no filme lembra a novelas globais
Anônimo disse…
Gostaria muito de ver esse filme, mas os filmes brasileiros independentes ganham uma distribuição ainda mais limitada do que os americanos do gênero.
Otavio Almeida disse…
Cara, eu não vi O CHEIRO DO RALO, entendo seu ponto de vista na discussão com o Tulio. E concordo sobre O CÉU DE SUELY, que eu gosto. Mas toca num ponto que me incomoda: Não aguento mais saber que o Brasil faz filmes sobre pobreza no RJ ou com o cenário do sertão... Ou algo assim, que explore a nossa miséria. Parece filme pra norte-americano ver. Isso não é necessariamente uma identidade com o Brasil, afinal o Andrucha Waddington passou fome no sertão? O Fernando Meirelles morou na favela? Não me entenda mal, pois adoro CIDADE DE DEUS. Mas acho que esse não é o caminho. Se nós fizermos (eu, vc, Kamila, Tulio, Vinicius, sei lá) um filme nacional, será que teríamos que construir um roteiro com esses cenários? Seria exigência do patrocínio? Eu sinceramente não sei... E se quisermos fazer algo mais com cara de lixos de Hollywood, temos que fazer pela GLOBO FILMES?

Essa falta de identidade acontece, justamente, pq não há uma indústria. Se existe uma indústria, uma Hollywood aqui, essa é (infelizmente)a Rede Globo, que, ao menos, pensa (e passa a imagem de)ser uma Hollywood brasileira. E é exatamente dessa "indústria" que se produz tranqueira em série com marca "Globo" seja para o cinema ou para a TV.

Quero dizer: para que eu e várias outras pessoas levem o cinema brasileiro a sério, ele tem que se organizar. Atualmente, a maioria desses filmes só existem por causa da junção de diversas empresas que atuam como patrocinadoras. Cadê o incentivo do Governo? O Brasil tem muitos erros. O Governo precisa solucionar uma série de questões e não resolve. Querem fazer uma Copa do Mundo aqui em 2014. O Pan do Rio está uma bagunça na organização... E cadê o incentivo à cultura? Ao esporte? É tudo uma bagunça. É tudo pão e circo. :-)

Abs!
Alex Gonçalves disse…
Vejo qualquer coisa de Heitor Dhalia, pois ele entregou o melhor filme brasileiro que já tive a oportunidade de assistir ("Nina").
Museu do Cinema disse…
Vinicius, é verdade, mas a culpa é nossa! Se dessemos mais bilheteria a esse tipo de filme, todo mundo queria mostrar.

Otávio, vc conseguiu expor tudo que penso sobre cinema nacional. É exatamente assim! Sem tirar e muito menos pôr.

Alex, tô doido para ver Nina.
Otavio Almeida disse…
Mas viajei no negócio da Copa do Mundo :-)

Abs!
Anônimo disse…
"Andrucha Waddington passou fome no sertão? O Fernando Meirelles morou na favela?"
e por acaso o Kafka virou uma barata????????