Desejo e Reparação
A história pode recomeçar.
Um grito histérico vindo do jardim atrai a atenção da adolescente aspirante à escritora Briony Tallis sozinha no seu quarto no palácio da família. Ela corre para a janela ver o que é, e encontra a irmã mais velha, Cecília, e o jovem jardineiro e filho da governanta, Robbie, na fonte em frente à mansão. Parecem discutir e de repente Cecília tira a roupa, ao que parece ser uma ordem de Robbie, ficando apenas com as roupas de baixo e entrando na fonte...
Reparação (o desejo do titulo nacional é gratuito) é um filme feito para ganhar o Oscar. Esteticamente impecável, com um roteiro enxuto e maravilhosamente bem adaptado do romance homônimo do escritor britânico Ian McEwan, bons atores, escolhidos a dedo, uma trilha bastante original do italiano Dario Marianelli, onde ele usa elementos dos efeitos sonoros do próprio filme (como a máquina de escrever), uma fotografia bastante ajudada pelos cenários, um figurino impecável, e uma direção inteligente e, para um espectador menos atento, original, mas é só procurar o maravilhoso Fim De Caso (1999) para ver de onde ele “inovou” – o que merecia uma homenagem, mas Wright prefere se homenagear, realizando cenas piegas para entrar nos futuros musicais do Oscar.
Reparação fala em restauração, em perdão, mas fala dos nossos julgamentos precipitados e desnecessários, e da falta de comunicação. Um ato que muda o destino de três vidas, interpretado fielmente pelas atrizes Keira Knightley, no papel de Cecília e Saoirse Ronan, no papel de Briony, e pelo ator James McAvoy, que parou de imitar o Tom Cruise e mostrou ter talento.
Apesar de não ter gostado do final do filme, uma manipulação desnecessária e gratuita que só faz aumentar o sentimento de frustração, é uma bela história de amor, que acredito que o principal algoz ajudou-a a moldar.
Comentários
Achei piegas algumas cenas, como falei no comentário do blog da Kamila. Alias, piegas é pq usei um eufemismo.
Na verdade, não sei se gostei desse filme pq o cinema anda muito mal das pernas e não reparei nas falhas... Aliás é o que eu acho que acontece nos prêmios atualmente: eles se conformam com qualquer coisinha acima da média.
Abs!
Aquelas duas cenas do ônibus e do cinema me deixaram com vergonha de gostar de cinema pela sua artificialidade.
Concordo contigo no segundo paragrafo.
Foi bom ler tua resenha pq faz esse friso nas pieguices artificiais. Agora acho que entrarei no cinema mais vacinado, ja que só tinha ouvido o máximo desse filme.
Meu medo é a academia entrar no embalo e premia-lo. Apesar de nao ter visto ainda nenhum deles, vai ser dificil bater o PTA e os Coen - isso claro para o meu gosto.
Quanto ao filme indico que veja sim, mas com esse sentimento crítico.
Desculpa, é que às vezes eu fico meio encucado como tudo no cinema tem que ser em torno do Oscar. Vendo "Atonement", não lembrei em nenhum momento algo relacionado à premiação ou o que ela supostamente representa.
Apesar do filme ser receita de bolo do Oscar, é interessante sim, espero que não se decepcione, mas já temo por sua decepção.
Olha Vinicius, é a minha opinião, deixo claro, se outras pessoas estão falando a mesma coisa, a mim só significa congruências de pensamento só isso. Não me sinto melhor nem pior. Já tive várias vezes ideias que a maioria era contra.
O piegas é em relação a duas cenas em questão, a do ônibus e a do cinema com os soldados cantando, que vc pode classificar tb como cenas feitas para o Oscar.
Quanto a receita de bolo do Oscar é fácil explicar. A academia gosta de premiar esse tipo de produção, que enumerei no post, ou seja, um filme tecnicamente perfeito, ao contrário de outros prêmios como Cannes por exemplo.
Por isso não é absurdo, um diretor, um produtor ou até um ator chegar e falar a frase que destacou, alias, acho que já vi isso em algum filme de Hollywood, será O Jogador? Robert Altman, o gênio!
Acho que, mais do que uma história de amor, "Desejo e Reparação" retrata a jornada de Briony. A história é dela e é ela quem dá as cartas.
Enfim, adorei esse filme e AMO "Fim de Caso".
Eu discordo do seu ponto de vista, até acho que ela é o centro, mas para algo maior que é o amor dos outros dois.
Ela serve como estopim, não só para história, como para o amor dos dois, se não fosse ela, capaz de nem ter rolado o amor, talvez ela viraria uma aristocrata e ele um médico.
E que isso tornasse o filme hollywoodiano demais, principalmente na parte da guerra, "volte pra mim".. etc. Vc não gostou muito, mas Kamila aprovou a adaptação, e eu sei o quanto ela aprecia o livro, então ainda tenho certas expectativas. Bom, vai demorar uma pouquinho pra estrear aqui, no futuro comento a minha impressão do filme:-)
Ah, e tb ADORO "Fim de Caso". ^^
Obs: Vou add o Museu do Cinema na minha lista de links.
Abraços
Então vc escreveu errado Vinicius, vc disse: "Como um filme é feito especialmente para o Oscar? O Diretor diz 'vamos fazer um filme para o Oscar'?" Portanto...
Agora eu tb torço para que as cenas entrem nos futuros musicais do Oscar, pelo andar das coisas lá, cenas piegas eles adoram. Só vai confirmar minha teoria. Desculpe, mas essas cenas me deixarem envergonhados demais, e quando a gente gosta do filme (como parece ser o seu caso) isso pode se tornar algo maior do que é.
Pedro, minha opinião é mais ou menos a sua, o filme é bom, mas eu não esperava mais dele. Quanto ao Oscar tenho medo que ele ganhe e não os Coen ou até o PTA que torço só para ser indicado. Obrigado!
E sobre o comment lá no blog, se há um filme a bater "No Country for Old Men" nesse Oscar esse é "Sangue Negro" - e como fã do PTA, well, torço por isso!
E que achou do Roger hein? Sei lá, jogar ele joga, mas tem que se puxar e parar de ficar saindo em "Caras" e tal.
Abraçoo!
E se vc acha isso, tomara que esteja com a razão, eu confesso q não sou muito otimista em relação ao Oscar, acho que por me frustrar demais já.
Marcus, sinceramente? Eu acho o Roger, o Amoroso de 2007. Esses caras quando chegam a esse patamar, estão preocupados com outras coisas, menos futebol, a não ser quando o aspecto financeiro aperta. Temo por esse ano, e já me contento em figurar apenas para não cair.
Não consigo enxergar, a princípio, essa tentativa do Joe Wright de emular "Fim de Caso". Até porque, a história de amor do filme do Neil Jordan me comove mais.
Até acho que Wright foi bom em lembrar do filme e fazer do mesmo jeito, o problema é que ele deveria homenagear. Mas o ego falou mais alto.
Então, realmente não gosto de filmes que fazem todos os “enfeites” para conquistar a Academia, como aconteceu com “O Aviador”, mas tenho bons presságios enquanto a “Desejo e Reparação”