Oil!
Oil! – Upton Sinclair – 1997 (Livro)
Um romance de Upton Sinclair
CAPÍTULO 1
A VIAGEM
A estrada foi executada, lisa e sem falhas, precisamente quatro metros de largura, os limites aparados como se por tesouras, uma fita de concreto cinza, enroladas ao longo do Vale por uma mão gigante. O chão vai em longas ondas, uma lenta subida e então um súbito mergulho – mas você não têm medo, você sabia que a fita mágica estaria lá, limpas de obstáculos, sem perturbações por lombadas ou cicatrizes, esperando a passagem de borrachas infladas em rodas giratórias sete vezes por segundo. O vento frio da manhã assoviou, uma tempestade de movimento, um zumbido cada vez que muda de direção; mas você sentou inclinado atrás do quebra-vento, que deslizou a brisa sobre sua cabeça. Às vezes você gostou de pôr sua mão, e sentiu o impacto frio; às vezes você mudou o lado do quebra-vento, e deixou a corrente bater na sua testa, desarrumando seu cabelo. Mas a maior parte você sentou quieto e dignamente – porque esse era o jeito do papai, e o jeito do papai constitui a ética de dirigir.
Papai usava um sobretudo, caqui, macio e lanoso na textura, opulento no corte, dois botões, com um enorme colarinho e uma enorme lapela e enormes retalhos no bolso – cada lugar onde um alfaiate poderia expressar galhardia. O casaco do garoto tinha que ser feito pelo mesmo alfaiate, do mesmo macio e lanoso material, com o mesmo enorme colarinho e enorme lapela e enorme retalhos. Papai usava luvas para dirigir; e a mesma loja tinha o mesmo tipo para crianças. Papai usava óculos espetaculares; o garoto nunca foi levado a um oculista, mas ele achou numa drogaria um par de óculos coloridos, levando a ter os mesmos que os do papai.
Não havia chapéu na cabeça do papai porque ele acreditava que o vento e o sol preveniam a queda de cabelo; então o garoto também passeava com os cachos emaranhados. A única diferença entre eles, além do tamanho, era que o papai tinha um grande charuto marrom, apagado, no canto da boca; um sobrevivente dos dias difíceis, quando ele guiava rebanhos de mula e mascava tabaco.
Cinqüenta milhas, marcava o velocímetro; essa era a regra do papai para campos abertos, e ele nunca alterava isso, exceto quando chovia.
Declividades não faziam diferença; uma fração de onça a mais em seu pé esquerdo e o carro corria ladeira acima até o topo e então navegava até o próximo pequeno vale, exatamente no centro da mágica fita de concreto cinza. Se o carro começasse a ganhar velocidade no declive, papai diminuía um pouquinho a pressão de seu pé, e deixava a resistência do motor reter a velocidade. Cinqüenta milhas era o suficiente, dizia papai; ele era um homem de regras.
Mais além, acima de várias ondas de chão, outro carro estava vindo. Uma pequena mancha preta, ele desceu, sumindo das vistas, e reapareceu maior; da vez seguinte estava ainda maior; da próxima vez ele estava na rampa em cima de você, correndo até você, cada vez mais rápido, um projétil certeiro disparado de um canhão de seis pés. Agora vinha o momento de testar os nervos do motorista. A mágica fita de concreto não tinha poderes para se alargar. O chão das faixas laterais tinham sido preparados para emergências, mas não era sempre que você podia ter certeza de quão bem ele havia sido preparado, e se você saía a 50 milhas por hora você enfrentaria discordantes ondulações das rodas; você poderá descobrir que o concreto tão bem acabado se eleva muitas polegadas acima do chão nas suas laterais, forçando-o a dirigir no chão até encontrar um lugar onde possa retornar à pista; poderá ser areia fofa, que lhe fará dar uma guinada para um lado ou outro, ou argila molhada, que lhe fará derrapar, e colocar um fim repentino em sua jornada.
Então as leis de uma boa direção proíbem você de sair da fita mágica exceto em emergências extremas. Você tem direito a algumas polegadas de pista na sua margem direita; o homem se aproximando também recebe um número igual de polegadas; o que deixa um restante de polegadas entre os dois projéteis enquanto passam. Pode parecer arriscado ao ouvir isso, mas os céus são guiados com base em cálculos similares, e enquanto colisões acontecem, elas deixam tempo suficiente entre elas para universos serem formados, e carreiras de sucesso serem conduzidas por homens de interesse.
Um romance de Upton Sinclair
CAPÍTULO 1
A VIAGEM
A estrada foi executada, lisa e sem falhas, precisamente quatro metros de largura, os limites aparados como se por tesouras, uma fita de concreto cinza, enroladas ao longo do Vale por uma mão gigante. O chão vai em longas ondas, uma lenta subida e então um súbito mergulho – mas você não têm medo, você sabia que a fita mágica estaria lá, limpas de obstáculos, sem perturbações por lombadas ou cicatrizes, esperando a passagem de borrachas infladas em rodas giratórias sete vezes por segundo. O vento frio da manhã assoviou, uma tempestade de movimento, um zumbido cada vez que muda de direção; mas você sentou inclinado atrás do quebra-vento, que deslizou a brisa sobre sua cabeça. Às vezes você gostou de pôr sua mão, e sentiu o impacto frio; às vezes você mudou o lado do quebra-vento, e deixou a corrente bater na sua testa, desarrumando seu cabelo. Mas a maior parte você sentou quieto e dignamente – porque esse era o jeito do papai, e o jeito do papai constitui a ética de dirigir.
Papai usava um sobretudo, caqui, macio e lanoso na textura, opulento no corte, dois botões, com um enorme colarinho e uma enorme lapela e enormes retalhos no bolso – cada lugar onde um alfaiate poderia expressar galhardia. O casaco do garoto tinha que ser feito pelo mesmo alfaiate, do mesmo macio e lanoso material, com o mesmo enorme colarinho e enorme lapela e enorme retalhos. Papai usava luvas para dirigir; e a mesma loja tinha o mesmo tipo para crianças. Papai usava óculos espetaculares; o garoto nunca foi levado a um oculista, mas ele achou numa drogaria um par de óculos coloridos, levando a ter os mesmos que os do papai.
Não havia chapéu na cabeça do papai porque ele acreditava que o vento e o sol preveniam a queda de cabelo; então o garoto também passeava com os cachos emaranhados. A única diferença entre eles, além do tamanho, era que o papai tinha um grande charuto marrom, apagado, no canto da boca; um sobrevivente dos dias difíceis, quando ele guiava rebanhos de mula e mascava tabaco.
Cinqüenta milhas, marcava o velocímetro; essa era a regra do papai para campos abertos, e ele nunca alterava isso, exceto quando chovia.
Declividades não faziam diferença; uma fração de onça a mais em seu pé esquerdo e o carro corria ladeira acima até o topo e então navegava até o próximo pequeno vale, exatamente no centro da mágica fita de concreto cinza. Se o carro começasse a ganhar velocidade no declive, papai diminuía um pouquinho a pressão de seu pé, e deixava a resistência do motor reter a velocidade. Cinqüenta milhas era o suficiente, dizia papai; ele era um homem de regras.
Mais além, acima de várias ondas de chão, outro carro estava vindo. Uma pequena mancha preta, ele desceu, sumindo das vistas, e reapareceu maior; da vez seguinte estava ainda maior; da próxima vez ele estava na rampa em cima de você, correndo até você, cada vez mais rápido, um projétil certeiro disparado de um canhão de seis pés. Agora vinha o momento de testar os nervos do motorista. A mágica fita de concreto não tinha poderes para se alargar. O chão das faixas laterais tinham sido preparados para emergências, mas não era sempre que você podia ter certeza de quão bem ele havia sido preparado, e se você saía a 50 milhas por hora você enfrentaria discordantes ondulações das rodas; você poderá descobrir que o concreto tão bem acabado se eleva muitas polegadas acima do chão nas suas laterais, forçando-o a dirigir no chão até encontrar um lugar onde possa retornar à pista; poderá ser areia fofa, que lhe fará dar uma guinada para um lado ou outro, ou argila molhada, que lhe fará derrapar, e colocar um fim repentino em sua jornada.
Então as leis de uma boa direção proíbem você de sair da fita mágica exceto em emergências extremas. Você tem direito a algumas polegadas de pista na sua margem direita; o homem se aproximando também recebe um número igual de polegadas; o que deixa um restante de polegadas entre os dois projéteis enquanto passam. Pode parecer arriscado ao ouvir isso, mas os céus são guiados com base em cálculos similares, e enquanto colisões acontecem, elas deixam tempo suficiente entre elas para universos serem formados, e carreiras de sucesso serem conduzidas por homens de interesse.
Acima, as duas primeiras páginas do romance Oil!, que Paul Thomas Anderson usou cerca das 150 primeiras páginas para realizar seu épico Sangue Negro (2007), que estréia amanhã, 15/02/08.
Comentários
Valeu!!!
No Oscar, meu filme do coração é JUNO. Mas minha razão é SANGUE NEGRO.
Abs!
Por aqui só semana que vem.
Pra compensar, hj estreou "Onde os Fracos Nao tem Vez"!! ahhhhhh, até que enfim!! Hj a noite promete!
Depois comento;
Abs, e bom findi!!
Bom final de semana!