Fatal

Elegy – Isabel Coixet – 2008 (Cinemas)

Num famoso programa norte-americano de entrevistas, o crítico cultural, autor e professor David Kepesh discorre sobre o puritanismo estadunidense. Para ele, o inicio da civilização nos Estados Unidos se deu através de jogos sexuais, orgias, e festas regadas a bebidas, e obviamente, muito sexo nas aldeias. Até que outro grupo de puritanos destruísse todo o espaço. Isso voltou com força total nos anos 60, mas um novo problema acabou com a nova euforia, o casamento.

Kepesh, interpretado com a maestria de sempre por Ben Kingsley, é aquele acadêmico que usa o charme do doutrinar para seduzir suas alunas. Sua nova isca é Consuela, mais uma bola dentro de Penélope Cruz em Hollywood, uma linda estudante cubana. David, que abandonou a mulher e o filho Kenneth, que agora é um médico vivido por Peter Sarsgaard, vive na chamada “virilidade emancipada”, mas o ciúme e a possessão da provocativa Consuela o deixará sem o terreno seguro que adotou após os anos 60.

O mesmo livro soará diferente se lermos dez anos depois. Não foi o livro que mudou, e isso é o interessante deles.

Dirigido pela cineasta espanhola Isabel Coixet do filme A Vida Secreta das Palavras (2005), Elegy tem a sensibilidade feminina, misturada com a sagacidade masculina do premiado com o Pulitzer, Philip Roth, autor do livro que originou a película, The Dying Animal (O Animal Moribundo). Uma crítica que fica é a falta de um apelo sexual maior, já que no livro a personagem de Penélope é descrita quase como uma devassa.Amparado nas interpretações, principalmente do elenco mais experiente, naturalmente Ben Kingsley, a bela e desinibida Patricia Clarkson, que interpreta uma “fucky budy” de Kepesh, e na melhor interpretação da carreira, Dennis Hopper, um amigo poeta que lhe transforma a vida, é um filme obrigatório aos amantes da boa história.

Elegia: s. f., composição poética consagrada ao luto e à tristeza; antiga poesia, grega ou latina, em versos hexâmetros e pentâmetros alternados;Mús., composição vocal ou instrumental de carácter análogo ao das peças de poesia elegíaca.

Comentários

Ramon disse…
A Penélope Cruz é a atual querida da américa.
Desconhecia a obra e ficou ansioso para conferi-la. Gostei da resenha.
Dennis Hopper na melhor interpretação da carreira. Sério mesmo?

Abs!
Museu do Cinema disse…
Serissimo Ramon, o cara mata a pau no filme. É um filme sensacional, vale muito a pena!
Anônimo disse…
Cassiano, eu gosto muito dos livros do Philip Roth e acho que ainda tenho que ver uma boa adaptação de suas obras ao cinema. Como ainda não assisti "Fatal", não posso dizer se este é o caso, mas o filme tem boas chances de me agradar já que é dirigido pela Isabel Coixet, que é uma profissional extremamente sensível e competente.
Museu do Cinema disse…
Kamila, realmente as adaptações das obras do ROth foram mediocres, mesmo que não goste de Fatal, já vai ter um filme melhor.
Museu do Cinema disse…
Ah, e como gosta tanto do Roth, esse livro é item obrigatório Kamila.
Anônimo disse…
Ainda não li este livro no qual "Fatal" se baseou. Lendo seu texto, eu adorei a sinopse do filme e fiquei mesmo interessada em procurar o livro do Roth.
Museu do Cinema disse…
Vale a pena Kamila, e verás que a personagem da Penelope é muito mais polêmica.
Kau disse…
Cassiano, esse filme parece ser belíssimo. Ben é sempre um trunfo, a meu ver. E Penelope está entre as mais talentosas da atualidade. Inclusive, há quem diga que sua indicação virá por Elegy e não por Vicky Cristina Barcelona.

Abs!!