O Curioso Caso de Benjamim Button
O Monsier Gateau foi chamado para fazer o relógio da estação de Nova Orleans. Cego e devotado à família, o Sr. Bolo, como era conhecido, se dedicou exclusivamente à confecção do novo modelo que iria enfeitar a grande estação. Porém, era época da I Guerra Mundial, e seu jovem filho, Martin, partiu em nome da pátria. Meses depois ele voltava e o Monsier Gateau e sua esposa foram recepcioná-lo. Voltava dentro de uma caixa de madeira e nunca mais o Sr. Bolo foi o mesmo. Ainda assim, ele se enfurnou na sua fábrica afim de terminar o relógio que se comprometera a fazer. Dias depois foi à inauguração na estação. Muitas personalidades apareceram e o Monsier Gateau fez questão dele mesmo apresentar sua obra ao público. Atônitos a beleza do novo objeto, muitos não se concentraram no óbvio, até que um observador gritou da platéia: Ele está andando para trás. Foi então que o Sr. Bolo começou a falar: Ele anda para trás com o propósito de voltarmos no tempo, quando nossos filhos eram vivos e não havia a guerra.
Na retrospectiva que fiz aqui sobre a carreira do cineasta David Fincher, comentei que poderia parecer precoce sua escolha, O Curioso Caso de Benjamim Button é a prova cabal para muitos críticos que nada entendem de cinema, mas muito entendem de jornali$mo. Nessa revisita, comentei também do lado noir de Fincher. E aqui entra o romance de Benjamim (Brad Pitt mostrando que ao lado do diretor e amigo é um ator completo) e Elizabeth Abbott (a ótima Tilda Swinton provando que eu tinha razão dizendo que ela não mereceu o Oscar que ganhou). As cenas do casal, no hotel russo, beiram o noir, da fotografia às interpretações, passando pelo suspense sugerido.
Nos quesitos técnicos, a fotografia de Claudio Miranda, que não é brasileiro, é sublime. Camera man das outras películas do cineasta, Claudio subiu um estágio e mostrou estar pronto, é um nome a ser guardado. Outra qualidade do filme é a trilha sonora composta pelo francês Alexandre Desplat, minimalista e cuidadosa, ela ajuda a dar um toque especial na narração de Pitt. O roteiro do quase-primeiro-escalão Eric Roth anda em paralelo ao seu grande trabalho anterior Forrest Gump (1994). Rivalizará entre qual será sua obra-prima. Agora, a parte mais importante do filme é mesmo a maquiagem. A equipe de make-up já entra no patamar das grandes obras produzidas pelo cinema norte-americano.
Baseado livremente no conto de F. Scott Fitzgerald, que você lê aqui, Benjamim Button é uma obra-prima perfeita e completa sobre nossa condição como humanos. De forma leve, às vezes com humor, outras com dramaticidade e ainda com incrível sensibilidade ao teor do maravilhoso conto, o filme é uma dádiva à vida. A história do bebê que nasce velho e vai rejuvenescendo com o passar dos anos, ganhou contornos do cinemão de hollywood dos anos 50 e 60, aquele cinema que fez o mundo se apaixonar, aquele cinema que fez o mundo admirar, e principalmente, aquele cinema que fez o mundo ser melhor. São cineastas como David Fincher, que receberam o cetro mágico dessa época, que provam que hollywood não morreu, apesar de muitos (produtores, diretores e, primordialmente, jornalistas) tentarem seu assassinato diariamente.
Eu já te falei que fui atingido por um raio 7 vezes?
Comentários
Abraços!
Abraços.
Kau, tb chorei muito. E o melhor é que não foram choros forçados pelo diretor.
Abs!
Aqui há um vídeo com a explicação sobre como o filme foi feito. Ge-ni-al!
http://open.salon.com/content.php?cid=88405
Beijo!
Jene Kelly- Olinda Pe.