Ladrões de Bicicleta
Ladri di Biciclette – Vittorio De Sica – 1948 (DVD)
Ou a encontra logo ou não vai achá-la mais.
Nas ruas empoeiradas de Roma homens se aglomeram diante de um prédio velho, numa praça deserta e ainda cheirando às bombas da II Guerra. A abertura de uma porta lateral atrai a atenção e a correria dos transeuntes. A aglomeração agora se dá nas escadas do edifício, fica claro que aquelas pessoas buscam uma oportunidade de emprego. A questão é quem dali sairá com a vaga? A câmera do mestre De Sica aponta para dois deles, mas rapidamente ela se distancia daquela confusão, num plano aberto, bem europeu, e vai achar o protagonista. Quieto, cabisbaixo, sentado no meio fio, acordado pelo som do seu nome: Antonio Ricci.
Ladrões de Bicicleta é uma obra-prima presente em qualquer lista que se preza dos grandes clássicos do cinema mundial. È um marco do neo-realismo italiano do século XX, é uma ode ao humanismo, e um trabalho irretocável cravado eternamente em mármore.
Filmado em locações externas nos bairros populares de Roma, trazendo uma trilha sonora inesquecível de Alessandro Cicognini, e uma fotografia em preto-e-branco primorosa de Carlo Montuori, a película foi adaptada da obra literária homônima de Luigi Bartolini. Seu elenco foi formado por amadores, por decisão do cineasta, que inclusive teria recusado propostas para escalar Cary Grant ou Henry Ford como protagonista.
A história, odisséia porque não, do pai de família desempregado que consegue um emprego da prefeitura como colocador de cartazes, mas tem sua bicicleta roubada, um instrumento de trabalho indispensável, vai direto ao emocional do espectador. Porém a história nos reserva uma moral muito mais rica, muito mais sólida, e muito mais humanitária do que a nossa simples piedade ao próximo como sugere a sinopse.
Vittorio De Sica costura sua obra com maestria de alfaiate, ele não precisa explicitar a importância do trabalho que Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) conseguiu para entendermos o significado dos estragos da guerra. Basta sua câmera passear no quarto do casal em momento de intimidade. Aliás, a foto que ilustra esse post, assim como já havia feito no especial neo-realismo, traduz muito sobre o trabalho desse mestre. Durante as filmagens de Ladrões de Bicicleta, De Sica usava da grosseira e até de pequenos tapas para arrancar lágrimas do garoto, e verdadeiro protagonista da película, Enzo Staiola (sensacional), que interpreta Bruno, filho de Antonio. Claro que a época era outra, mas essa característica do cinema de Vittorio é evidente em suas imagens, as expressões são fundamentais em sua filmografia, a forma como ele capta esse momento também, e isso é cinema, essa arte pela qual se apaixona e não mais se esquece.
Ou a encontra logo ou não vai achá-la mais.
Nas ruas empoeiradas de Roma homens se aglomeram diante de um prédio velho, numa praça deserta e ainda cheirando às bombas da II Guerra. A abertura de uma porta lateral atrai a atenção e a correria dos transeuntes. A aglomeração agora se dá nas escadas do edifício, fica claro que aquelas pessoas buscam uma oportunidade de emprego. A questão é quem dali sairá com a vaga? A câmera do mestre De Sica aponta para dois deles, mas rapidamente ela se distancia daquela confusão, num plano aberto, bem europeu, e vai achar o protagonista. Quieto, cabisbaixo, sentado no meio fio, acordado pelo som do seu nome: Antonio Ricci.
Ladrões de Bicicleta é uma obra-prima presente em qualquer lista que se preza dos grandes clássicos do cinema mundial. È um marco do neo-realismo italiano do século XX, é uma ode ao humanismo, e um trabalho irretocável cravado eternamente em mármore.
Filmado em locações externas nos bairros populares de Roma, trazendo uma trilha sonora inesquecível de Alessandro Cicognini, e uma fotografia em preto-e-branco primorosa de Carlo Montuori, a película foi adaptada da obra literária homônima de Luigi Bartolini. Seu elenco foi formado por amadores, por decisão do cineasta, que inclusive teria recusado propostas para escalar Cary Grant ou Henry Ford como protagonista.
A história, odisséia porque não, do pai de família desempregado que consegue um emprego da prefeitura como colocador de cartazes, mas tem sua bicicleta roubada, um instrumento de trabalho indispensável, vai direto ao emocional do espectador. Porém a história nos reserva uma moral muito mais rica, muito mais sólida, e muito mais humanitária do que a nossa simples piedade ao próximo como sugere a sinopse.
Vittorio De Sica costura sua obra com maestria de alfaiate, ele não precisa explicitar a importância do trabalho que Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) conseguiu para entendermos o significado dos estragos da guerra. Basta sua câmera passear no quarto do casal em momento de intimidade. Aliás, a foto que ilustra esse post, assim como já havia feito no especial neo-realismo, traduz muito sobre o trabalho desse mestre. Durante as filmagens de Ladrões de Bicicleta, De Sica usava da grosseira e até de pequenos tapas para arrancar lágrimas do garoto, e verdadeiro protagonista da película, Enzo Staiola (sensacional), que interpreta Bruno, filho de Antonio. Claro que a época era outra, mas essa característica do cinema de Vittorio é evidente em suas imagens, as expressões são fundamentais em sua filmografia, a forma como ele capta esse momento também, e isso é cinema, essa arte pela qual se apaixona e não mais se esquece.
Comentários
Pelo menos aqui. Vlw pessoal!
Vou conferir esta semana ainda.
Abs!