Sniper Americano
American Sniper – Clint Eastwood – 2014
Ouvimos o som do gatilho sendo
preparado. O atirador está há cerca de 1.000 metros de seu alvo. Frio e
objetivo ele aponta seu rifle enquanto corrige a mira. A câmera focaliza seu
rosto e seus olhos, precisamente eles.
A cena acima é protagonizada por Clint Eastwood.
Dirigido por Sergio Leone em Três Homens em Conflito (1966). O que muda dela
para a outra de Eastwood, dessa vez dirigindo Bradley Cooper, é que o alvo é
uma criança. Para quem aprendeu com os Mestres não era de se esperar nada menor.
Eu preciso de você… que seja
humano novamente. Eu preciso de você aqui.
Eu sempre me situo a margem do
Oscar. E, esse ano, não foi diferente. Os principais candidatos, Boyhood (2014)
e Birdman (2014) são filmes menores. O primeiro tem como grande mote o tempo de
filmagem – foram 16 anos – e só, já o segundo, para quem assistiu Holy Motors
(2012) não enxerga nada novo.
Sniper Americano era o melhor
do Oscar. Não por ser propagandista estadunidense, mas justamente por ser (sim,
não errei). O sentimento negativo em relação aos EUA se tornou tão contundente
que precisou Clint Eastwood levantar-se da cadeira e pegar sua câmera. Chris Kyle (Bradley Cooper), o sniper (atirador) mais letal da
história, é o herói definitivo, o herói em toda concepção da palavra. Uma
cena em especial deixa isso claro quando Chris encontra um veterano numa
oficina com seu filho.
Kyle sabe o que fez, e porque fez, e sabe que seu habitat é aquele, é ali que faz a diferença, e sua volta a normalidade, que tanto sua família quer, traz esse sentimento. Tanto que na terapia, um psicólogo tendencioso (é um perigo, você sai pior que entra), tenta incutir culpa nele, mas ele lhe diz: “Sei que quando eu encontrar meu Criador, responderei por
cada um de meus disparos”. Todos nós responderemos.
Ao final o octogenário,
elegante e inteligente Sr. Eastwood nos brinda com uma obra-prima, uma música do
genial maestro Ennio Morricone, retirada do filme Ringo não Discute...Mata
(1965).
Comentários
Não deixa o blog morrer não, pode ser?!
;)