Ponte dos Espiões
Bridge
of Spies - Steven Spielberg - Cinemas (2015)
Quando
era pequeno, em Moscou, meu pai me pedia para observar um amigo seu, dizia:
Observe ele. Ficava sempre olhando, mas nada via, até que um dia minha casa foi
invadida por muitos policiais. Esse homem foi agredido. Toda vez que o
espancavam, ele se levantava e ficava novamente em pé. Eles o batiam forte e
mesmo assim ele voltava a se levantar. Eu penso que talvez por isso deixaram-no
vivo. Era um homem perseverante.
Spielberg
é um gênio. Soou repetitivo né? Mas é isso mesmo, ele é um cineasta que está no
capítulo sobre os maiores nomes do cinema. Tá lá, na letra S. Steven tem uma
habilidade única de desenvolver uma história da maneira mais simples possível.
Se fosse um contador de piadas, seria sem emoções, sem inventar vozes, ele ia
lá e contava, e encarregava a própria anedota de mexer com o ouvinte. Ele poderia
até dar uma entonação mais forte em determinada passagem, mas sem nenhum arrobo
emocional.
Emoldurar
o diretor é tarefa ingrata. Se Steven Spielberg fosse um escritor, seria
detalhista, mas sem prolixidade, quase um detalhista acidental. Seria tão blasé
que até perceberíamos um merchandising da motorola numa determinada descrição,
mesmo assim nos perguntaríamos se aquilo rendeu algum dinheiro (claro que
rendeu, ninguém põe um logotipo num filme de milhões por acidente! É tudo
pontuado).
Ponte
dos Espiões é um roteiro pronto, mas ao ver a assinatura dos Irmãos Coen, ele
ganha um upgrade mental automático. A história do advogado de seguradoras que
defende um espião russo no meio da guerra fria, e depois trata de sua troca por
um piloto norte-americano capturado pela antiga URSS é tão rica que uma pequena,
minúscula falha, determinaria o fiasco do projeto, porém ao colocar talento do
quilate de Spielberg, Tom Hanks e os Coen a equação se torna positiva.
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Você não está preocupado?
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Se estivesse, ajudaria?
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