Mia Madre
Mia Madre - Nanni Moretti - 2015 (Cinemas)
O cinema também pode ser um ótimo
analista.
Em 2010, enquanto finalizava seu filme
Habemus Papam (2011), onde satirizava justamente o aspecto emocional do Papa, o
cineasta Nanni Moretti passava por um momento delicado de sua vida real. Sua
mãe, Agata, estava hospitalizada. O roteiro de Mia Madre é justamente esse, só
muda a protagonista, entrando a musa do diretor Marguerita Buy (interpretando
Marguerita). Nanni, que costuma protagonizar suas películas, dessa vez ganha um
papel secundário como irmão da diretora de cinema.
Além de receber uma salva de palmas
durante um pouco menos de 8 minutos no Festival de Cannes, Mia Madre foi
escolhido um dos filmes do ano segundo a bíblia da 7ª arte, Cahiers du Cinéma.
Nanni Moretti repete o resultado do
trabalho de sua grande obra-prima O Quarto do Filho (2001). Sua sensibilidade,
seu detalhismo, seus nuances de psicologia transformam sua película em algo belo,
rico. Seus flashbacks servem como terapia não só para ele - o protagonista que
prefere as sombras do holofote - como para nós, os espectadores que acham que
Moretti faz algo pessoal inaplicável ao resto da humanidade.
Ada (a ótima Giulia Lazzarini) dirigi
lentamente seu pequeno carro de 14 anos. Numa espaçosa vaga tenta manobrar para
estaciona-lo quando é interrompida por uma nervosa e incrédula filha. Tentando
explicar que estava cansada, e que por isso recorreu ao uso do automóvel, Ada
discute com a filha sua capacidade de ainda poder realizar pequenos trajetos.
Sua filha não a ouve e rasgando sua carteira, ainda válida, toma o volante do
carro engata a ré e, mirando o muro, joga o carro contra ele, repetidas vezes.
Numa outra cena podemos ver Marguerita ensinando pacientemente sua filha a
andar de moto.
Mia Madre ainda vem
com um bônus especial chamado John Turturro, incrível como um ator tarimbado, seletivo
consegue em poucas cenas demonstrar um amadorismo (do termo amar)
impressionante. Sua cena dançando com a figurinista é sensacional, impossível separar
o real da ficção.
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