Silêncio
Há uma história muito
interessante sobre o tempo do Daiata Furud lá. Ele tinha quatro concubinas.
Quatro. Todas eram muito belas, mas elas...Houve um tempo, em que as concubinas
estavam com ciúmes, e lutaram e lutaram sem parar, por isso ele tirou-as do
castelo. E a paz voltou de novo à sua vida.
Talvez o projeto mais pessoal
do tarimbado Martin Scorsese, a adaptação do livro homônimo do japonês Shûsaku
Endô se tornou uma odisseia na vida do renomado cineasta. O resultado, contra
todas as expectativas e principalmente um estúdio em constante briga com o
diretor, é uma belíssima história de fé, de cultura e de religião.
Intrigados com a apostasia, a
renúncia aos votos religiosos do Padre jesuíta Ferreira (Liam Neeson) que
partiu ao Japão para propagar o catolicismo no mundo oriental, dois de seus discípulos,
Padre Rodrigues (Andrew Garfield - brilhante) e Garupe (Adam Driver) partem
atrás dele e decidem continuar a levar sua religião a terra distantes, mesmo
diante do pessimismo de seus superiores e cartas relatando torturas.
Scorsese capta com a sensibilidade que lhe é
peculiar e os anos de trabalho doados à sétima arte, não só como cineasta, mas
também como guardião de filmes, e faz um filme histórico do ponto de vista
humano, e belíssimo, do ponto de vista cinematográfico. Sua câmera passeia pela
história verídica do livro de 1966 do católico japonês Shûsaku Endô (hoje menos
de 1% da população nipônica é católica) e nos entrega uma obra-prima sem
retoques. Em tempos de opiniões tão antagônicas e extremadas, o velho Scorsa
mais uma vez nos dá lição sem precisar fazê-lo.
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