A Sombra de Stalin prova que nem sempre o comunista é só aquele que anda com camisa do Che Guevara
A Sombra de Stalin (Mr. Jones) - Agnieszka Holland – 2019 (Netflix)
Após fugir de soldados comunistas, o escritor e fotógrafo jornalístico Gareth Jones (1905 – 1935) se esconde em uma pequena fazenda abandonada no interior da Ucrânia, na antiga URSS, durante a holodomor (morte pela fome). Mais tarde, 3 crianças, duas meninas e 1 menino entre 6 e 12 anos, entram também para se refugiar. No dia seguinte, uma das garotas traz comida para eles. Jones, agradecido e surpreso, come um pedaço e pergunta de onde veio, a menina responde tímida e assustada: Kolya. O jornalista pergunta onde fica Kolya, a garotinha lhe diz que Kolya é seu irmão mais velho. Demora alguns segundos para Jones perceber. Ele levanta e vai até o fundo da casa, de onde a menina tinha vindo com a comida e encontra o corpo do irmão morto e mutilado.
THE TRUTH OFTEN HURTS (A VERDADE FREQUENTEMENTE DOI)
O convívio com o comunismo no Brasil parece algo permanente. Além da guerra que travaram durante mais de 30 anos com o regime militar, o comunismo invadiu as escolas, as universidades, o direito e suas instituições e até a Igreja (teologia da libertação), mas principalmente nossa política. Atualmente, dois partidos se afirmam comunistas abertamente, além de terem apoio permanente da totalidade da esquerda. A Presidente impichada já afirmou venerar o Partido Comunista Chinês (PCC), atual detentor do modus operandi dessa ideologia nefasta que escraviza e mata sem o menor pudor ou ruborização. Já o ex-presidiário e ainda principal expoente da oposição brasileira não nega seu amor por Cuba e Venezuela e suas ditaduras repressivas e assassinas de mais de décadas. Personagens medíocres ganham aura de super-heróis, entre os simpatizantes, ao vestirem a foice e o martelo: Paulo Freire, Carlos Marighella, Leonardo Boff e Oscar Niemeyer. Os que se arrependem são levados aos justiçamentos (tribunal sentencial deles mesmos) e ao cancelamento: Jorge Amado, Paulo Francis, Chico Anysio e Tom Jobim. Hoje, cerca de 46 Prefeitos se declaram comunistas no país, em partidos com mais de 400 mil filiados.
Homens vieram e pensaram que podiam mudar as leis naturais.
Esse cenário apocalíptico demoníaco só é enxergado por quem conhece a verdade, tema principal desse filmão da cineasta polonesa (portanto, conhecedora do comunismo) Agnieszka Holland, baseado na vida do jornalista independente Gareth Jones, chamado de louco e teórico da conspiração pela mídia mainstream mundial (The New York Times) e pelo premiado com o Pullitzer, Walter Duranty, conhecido negacionista do holodomor (sim, esse termo foi usurpado pela própria esquerda que hoje o utiliza sem cerimônias). O filme ainda ilustra o encontro de Jones com George Orwell, que é inspirado para escrever o clássico A Revolução dos Bichos.
O papel da imprensa nessa coletividade conformista é essencial para o comunismo. Duranty gozava de privilégios, “boa vida” (de festas e bacanais) e poder dentro do partido comunista da URSS e para isso bastava dar normalidade em seus textos às ações genocidas que resultaram em 15 milhões de morte. Mais ou menos o que se faz hoje com o também partido comunista chinês, normalizando assassinatos religiosos, desaparecimentos estranhos e escravidão em pleno século XXI. Como cita o Professor Olavo de Carvalho: o comunista nem sempre tem convicções comunistas, às vezes só suas ações e relações pessoais servem à máquina.
Ao final, nos resta o lamurio da poesia que as crianças cantavam escondidas nas ruas: Stalin senta-se no seu trono tocando o violino. Ele olha para baixo com olhar severo, para nosso país carente de pão. Oh, Violino feito de noz e arco feito de lamentos. Enquanto vai tocando as suas ordens. Nós vamos ouvindo pelos campos. Tão forte ele tocava que as cordas partem. Muitos morrem, poucos sobrevivem. Fome e frio estão nas nossas casas. Nada que comer, nenhum lugar para dormir. E o nosso vizinho perdeu a sua razão e comeu seus filhos.
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